terça-feira, 10 de maio de 2016

Um ET na Casa


A Caçada Mortal de Um Indivíduo Alienado 


Eu tinha um sentimento muito estranho dentro de mim, em relação aos meus pais e aos meus irmãos. Na minha infância e adolescência sempre me senti um peixe fora d’água naquela família. Meus irmãos eram todos muito inteligentes, conversavam de tudo, liam jornal e parece que eu era a única pessoa meio alienada. Eu era a menos inteligente, sempre precisando da ajuda dos meus irmãos nas tarefas de aula, principalmente história, geografia e matemática.

Era uma tortura conversar com meu pai, pois ele estava sempre fazendo perguntas que eu deveria responder e eu nunca sabia a resposta. Ele não tinha paciência nenhuma comigo, e estava sempre gritando quando tentava me ensinar alguma coisa. E as malditas perguntas de porcentagem? me dava raiva, só dele perguntar. Passei a odiar tudo que se relacionava com porcentagem. Vários momentos da minha vida eu pensei em matar o meu pai, de tanta raiva que ele provocava em mim. Fora a sabatina de tabuada que ele sempre fazia comigo. Como sempre, eu nunca sabia as respostas.

Quando papai vinha com sua primeira pergunta, eu já sabia tudo o que iria acontecer. Ele faria a primeira pergunta e eu nervosa não conseguiria responder. Então ele passaria para a próxima, depois outra e mais outra. E quase sempre eu não respondia direito, ou nem respondia. Até chegar o momento crucial em que ele perdia a paciência e começava a soltar os seus elogios, de burro e idiota até vagabundo e outros adjetivos que nem convém escrever. Imagino eu que esse meu ciclo vicioso de nervosismo começou quando ele perdeu a paciência pela primeira vez. Eu então passei a agir sempre na defensiva e medrosamente.

A hora da jantar era a mais temida, pois nunca sabíamos com que humor meu pai chegaria em casa. Não sabíamos o quanto ele estava afetado pela bebida alcoólica, se aquele dia seria um agradável jantar ou uma sessão de tortura inacabável. A maioria delas acabava com ele gritando com minha mãe, gritando comigo, nos xingando de todos os palavrões e minha mãe sempre tentando nos defender e nos proteger daquela agressão emocional que estávamos sofrendo.

Quando aconteciam esses episódios, que eram bem frequentes, minha mãe me dava um sinal para eu ir para o quarto. Eu subia as escadas, mas ficava ali, sentada no último degrau escutando toda a discussão dos meus pais. Em todas elas, meu pai sempre dizia: é um tapado, não aprende nada, um vagabundo e tantas outras palavras que nem me lembro e nem valem a pena lembrar.

Não havia uma noite sequer que eu não chorava. Geralmente era depois do meu pai me humilhar, me xingar, me dizer que eu não servia para nada e que eu não seria ninguém na vida. Me encolhia na cama em posição fetal, virado para a parede, uma dor no peito tomava conta de mim e ali eu ficava, chorando até adormecer.

A minha infância inteira eu fui muito dependente da minha mãe. Quando eu digo dependente, quero dizer em tudo. Ela decidia até as roupas que eu deveria usar, tudo o que eu deveria ou não fazer.


Eu odiava morar naquela casa e por muitas vezes pensei em sair de lá. E realmente sai, mas esse é um outro episódio. Nos vemos na próxima e....

NÃO ENLOUQUEÇAM!!!

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